quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Na sombra do cipreste.


Calor de hoje que as pedras repelem,
Na conversa que custa a sair,
Não há palavras que consigam exprimir,
O alterado semblante que referem. 

Aqui não passam aviões,
Cantigas, piadas, risadas. 
Aqui recordam-se emoções,
De estórias vividas, partilhadas. 

Calor de hoje que (eu e) as pedras repelem,
São monólogos do corpo e da alma,
Momentos de peito aberto e pestanas cerradas,
Para deixar as gotas salgadas rolarem. 

Aqui não passam modas,
Alegrias, festas, ilusões. 
Aqui há respeito, memórias, contusões,
De quimeras e glórias ilusórias. 

Calor de hoje que à pouco referi,
Contrasta com a incompreensão sensorial,
Do que sou e não sei alterar,
Do que fui e por isso vivi. 

Calor de hoje que à pouco referi,
Tem travo amargo, é opinado,
Do que está certo e errado,
Ditado é prescrito, mesmo sem ter concordado.

Calor de hoje que à pouco referi,
É gélido bater de coração,
Quando confrontado com o cenário trocado,
Quando esqueço a mágica inalienação. 

Na sombra deste cipreste,
Onde se encontra a força,
Está a história a que pertenço,
Que prolongarei no destino do tempo. 

Certo ou errado,
Não mudo a cor do cenário,
Não me disfarço de alegre e forte,
Humano, por fora e por dentro.



João Caldeira Heitor

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Há anjos no céu e na terra?


Há quem queira e não possa agarrar esse teu corpo preso,
que parece solto,
pois na certeza,
 só pelo coração te deixas conquistar.

Ali foste um momento,
entre tantos ou nenhuns,
sem se aperceberem,
o nosso cúmplice silêncio.

Aí estás sem que saiba como,
talvez realizada,
talvez sofrida,
sem saber evitar o julgamento do teu sentir.

Dizes que tens asas de anjo,
mente de demónio e talvez coração de princesa,
como se disso tu própria saibas ou tenhas certezas.

Em cada amanhecer agita-se esse outro mundo,
onde vestes a capa que impede a ousadia e a tentação,
onde perduras na bola de cristal,
onde te mostras doce e simpática.

Passam-se os anos e lá nos vamos perdendo ou caminhando,
sobre um qualquer mandamento errante,
de encontros e desencontros ocasionais,
sem te chegar a tocar.

Mas um toque sublime,
que se sente pela alma,
como uma luz que nos atrai
e nos afasta com medo do que daí pudesse surgir.

Regressa ao teu mundo,
que não posso nem quero alterar,
pois não consigo,
nem vejo como sequer te poder tocar.

Os anjos têm missões,
os demónios as tentações,
as pessoas emoções,
mesmo que no passar do tempo tudo não passe de um punhado de ilusões…



João Caldeira Heitor

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Esse tempo de boa hora...


Esse tempo...

Nasci num tempo de chuva,
Fui família e integrei a multidão,
Fui um incógnito viajante com ajuda, 
Fui combatente com caneta e esta razão. 

Chego ao tribunal e avalio,
Esse rosto de curtas vidas e noites longas,
Releio as palavras gravadas,
Perdidas no silêncio da alma. 

Houve um tempo que me lembro,
Das viagens tateadas com o paladar,
Em que a promessa era o que não tinha,
Do amor que não me podias dar. 

A promessa é folha rasgada, 
Que o tempo com o espírito partiu. 
Sussurro esquecer esse momento. 
Entre o teu e o meu olhar. 

Abrindo os olhos em cada dia,
Tocarei meu rosto,
Sorrirei memória, 
Esquecerei a saudade...


João Caldeira Heitor

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Motores desafinados e velhos...


Enquanto o governo promove iniciativas de conservação da biodiversidade em contexto urbano, estimulando os municípios a disseminarem os espaços de lazer e de usufruto público, recuperando as zonas ribeirinhas e criando novas áreas verdes com funções específicas, que contribuam, simultaneamente, para a qualidade do ar e o sequestro de carbono;

Enquanto se estabelece a nível europeu e nacional a redução da utilização dos combustíveis fósseis e da poluição do ar através da promoção de bairros com usos mistos (habitação, comércio, trabalho, escola e lazer), reduzindo as deslocações diárias e criando raízes sólidas na vida dos cidadãos, através da partilha e da produção local de bens e serviços;

Enquanto se implementam planos de melhoria da qualidade do ar e a manutenção e modernização operacional da Rede de Monitorização da Qualidade do Ar;

Conhecemos hoje os números de uma parte do outro lado de lá da realidade: existem cerca de 376 mil automóveis a gasóleo a circular em Portugal com excesso de emissões de óxido de azoto (NOx), fabricados a partir de 2014…
Para além destes há ainda a acrescentar aqueles carros com 15 e 20 anos que, quando os seus condutores carregam no acelerador deixam uma nuvem preta no ar, como se de um choco se tratasse, a despejar um manto negro de poluição estrada fora...
Quem não vivenciou este cenário?

Podem “chover” carros elétricos, “construírem” alamedas de árvores e colocarem as bicicletas de “borla”...
Enquanto se mantiverem estes veículos na estrada, todo o pequeno trabalho, toda a política de melhoria da qualidade do ar será uma pequena "mão cheia de areia”, num imenso “deserto” que se quer (e precisa de) conquistar.
Relativamente a esta questão, onde têm estado e o que têm feito as autoridades fiscalizadoras?


João Caldeira Heitor

quinta-feira, 3 de março de 2016

O circo humano...


No último século a vida selvagem tem estado na mira das espingardas, nas armadilhas, na força superior que o ser humano quer impor, nem que seja à força, sobre a natureza.

Os objetivos do desenvolvimento sustentável ganharam eco nas últimas décadas, sem que em todos os países e continentes ele se consiga preconizar.

Resta aliás pensar que se há pessoas a morrer à fome, outras a fugir da guerra, e o desenvolvimento sustentável ou a caça furtiva se remetem a meros pormenores de circunstância.

ONU’s, NATO’s ou outras organizações acabadas em O’s ou A’s têm sido mais palco de simples encenações teatrais do que propriamente “…poderosas expressões de determinação política…”.

O património natural pode ser fundamental para o equilíbrio dos ecossistemas, nos quais, o Homem é, somente, um elemento. Mas, se nem o Homem se respeita a ele próprio, porque raio devia pensar no ecossistema. O lucro continua a comandar, sob a batuta da economia.

O resto. O resto é apenas a utopia de uma minoria, que ainda que tenha uma visão de horizonte, não usa espingardas, petróleo, ações de bolsa ou biliões de dólares para encurtar o tempo que se está a esgotar para o planeta.

Dias internacionais servem para isso mesmo: internacionalizar. O Dia Internacional da Vida Selvagem tem pela frente o desejo do Homem em domesticar tudo o que o rodeia: até a vida selvagem…

João Caldeira Heitor

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Dispensando mentes brilhantes...



De fio, sem pavio, a lua estica-se. 
Sem rede, na corda, alta, arrisca-se. 
De pé dobrado, com medo, avança-se. 
O corpo trémulo, vacila e equilibra-se. 

No circo, da vida, desprezamos os importantes. 
No circo, da vida, aplaudimos o esforço. 
No circo, da vida, dispensamos mentes brilhantes. 
No circo, da vida, valorizamos os normais. 

Voltando ao trapézio lá do alto. 
No ar rarefeito, sugado em compasso. 
Somos tempo contado em emoção. 
Somos pessoas libertas com ou sem razão.


João Caldeira Heitor

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Reescrever o amor...


Amor.
Esse sentimento da raça humana.
Perdido, por terem deixado de viver os limites do sentir,
Esquecido, por terem deixado de dançar na rua,
Barrado, por terem deixado erguer fronteiras,
Condicionado, por imporem comportamentos sociais...
Mesmo que as estrelas nos continuem a guiar,
Mesmo que as estrelas nos continuem a mostrar uma saída,
Só o acreditar nos faz caminhar, 
Percorrer, 
Lutar, 
Sobreviver,
Para reescrever no céu, na escola, no coração o que é o amor…

João Caldeira Heitor

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Sentimento...


Sentimento.
Esse devir interno, exteriorizado.
Vincado, nas máculas da linha errante.
Hoje, não me meçam o semblante.
Carrega o peso dos anos, pesados.
Arrasta a ausência, sentida.
Pai há um, nesta vida.
E como a ternura, reclama.
E como a herança, cobra.
E como a memória, atraiçoa.
E como a impotência, nos castra.
Limitado sobre a história, escrita.
Conformado com o destino, traçado.
Não há lápide que honre o sentir.
Pois de pedra não é feito o coração.
Sou sentimento, bruto, de emoção.
Choro por dentro e escrevo para fora.
Sorrio ao olhar-me ao espelho.
Nele te encontro e nele te vejo.
Somos feitos da mesma matéria.
Traçados sobre a mesma tela.
Unidos em laços de sangue eternos, meu pai, meu amigo, meu Irmão.

António Alves Heitor
14/04/1943
18/11/2002

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Miolo de pensar...


Esse, de pensar e de fazer. 
Magoado no coração e emotivo. 
Sem bússola racional, ficou perdido. 
Procurado, mas logo esquecido. 
Conta os desejos frustados. 
Divide a mágoa pelos dedos. 
E olha fixamente o vazio, tremido. 
As lágrimas não o deixam ver.
A cegueira não o deixa falar. 
A raiva não o consegue deter,
De pensar, de ter, de a amar.
Sem casca que o possa cobrir. 
Sem resguardo que o possa amparar.
É soldado ferido.
É vagabundo perigoso,
Ferido por dentro, 
Consumido de amor...

João Caldeira Heitor

sábado, 3 de outubro de 2015

Tu...


Tu.
Chegaste. 
Deixas um pouco de ti, em mim. 
Com algo e sem nada. 
Nestes instantes registo e esqueço, 
O que me queiras dizer,
O que queiras guardar. 
O que possa ser,
O que me deixes viver. 
Contigo e sem ti.
E no vazio ficar.
Amarrado ao sentimento,
Vazio no olhar, frio, por dentro.
São saudades de há dias, 
São amarras ferrugentas, 
São sonhos de paixão.
Diluídos em álcool e suspiro. 
Evaporados, no chão…

João Caldeira Heitor

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Como se os dias tivessem eternidade...


Por aqui, já não deslizam cartas...
Quem não as procura, delas não sente saudades.
Quem não as escreve, delas nunca bebeu amor.
Quem nunca as rasgou, nelas nunca escreveu.
Como se os desabafos não fossem escritos...
Como se as lágrimas não fossem corretor humano...
Como se os sorrisos não fossem o espelho do conteúdo...
Como se os suspiros não fossem sensações despertas...
Como se o toque não se sentisse, pelo sentimento expresso...
Como se os dias tivessem eternidade...
Como se a vida se repetisse...
Não há correio...

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Tolerar o irracional sentir...



Eu pensava que fosses tu,
De quem eu fugia,
Sem parar e olhar para trás,
Riscava o teu nome do meu pensar.

Entre o silêncio e o vazio das sombras,
Percebi a tua promessa,
De não ter mais de correr, com pressa,
Pois ali me deixaste ir…

Nessa minúscula de fração,
Percebi que já era tarde,
Para te abraçar e te prender,
Como pedia o fundo do meu coração…

Ressoou, naquele momento, o silêncio.
Fiquei calado, pendurado, estatelado,
Vi o chão a espelhar o meu rosto,
Molhado, de lágrimas, por não me teres segurado...

João Caldeira Heitor

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Ei, tu aí...



No espelho se reflete o rosto,
No sorriso se reflete a alma. 
...
Onde somos crianças crescidas,
Ganhamos, sonho.
Onde perdemos companhia,
Ganhamos, amizade.
Onde afirmamos intensidade,
Ganhamos, respeito.
Onde somos íntegros,
Ganhamos, honra.
...
(A liberdade de estarmos apaixonados pela vida e de a saborearmos ao lado de "pessoas", é a recompensa por pertencermos a nós próprios.
Quem só está rodeado por "gente" e refém de interesses umbilicais, jamais conseguirá sorrir espontaneamente.)
...
Onde conquistamos confiança,
Ganhamos, vida.
Onde geramos energia,
Ganhamos, cumplicidade.
E assim, onde somos, por quem somos e o que somos, aos outros podemos dar...



João Caldeira Heitor

quarta-feira, 4 de março de 2015

Injustiça da "justiça"...


Muito se falou, fala e falará na “justiça”, enquanto suporte e meio de funcionamento da sociedade.

Na “justiça”, na importância desta, nas diversas faces que nos apresenta, e na sua ausência, ou insuficiência.

As comunidades/terras/concelhos foram recebendo “tribunais”, pelo número de habitantes, pelas atividades económicas e nas relações destes, à luz das leis.

O que se quebrava, e quebra, na comunidade, na comunidade deve ser restabelecido.

Racionalizar a “justiça” não devia passar pelo encerramento de serviços. Para agir dessa forma, fechando valências, traçando mapas regionais e nacionais, díspares de outras estruturas administrativas, económicas e políticas, qualquer ex-aluno, de uma qualquer República, sem o curso terminado, o conseguia fazer.

As tecnologias e as estruturas em rede são fundamentais para a desburocratização do sistema, facilitando o acesso à justiça, auxiliando o desenvolvimento económico e o cumprimento deste direito basilar.

O caos no programa Citius e o número de processos que se acumulam nos tribunais (que vão restando), transmitem para a opinião pública uma sensação de impunidade, de ausência de justiça, e de controlo desta pelo poder económico, político e gripal.

Sim gripal. Pela fragilidade e vulnerabilidade da estrutura e dos mecanismos de adiamento, arrastamento e prescrição conhecidos e praticados por todos.

Reformar a reforma da justiça em Portugal não se assume por uma mera questão ideológica ou política, mas, tão-somente, pela necessidade de recolocar os serviços judiciais, junto das populações e das terras que compõem este pequeno, e grande Portugal.

O grande Portugal onde as dicotomias sociais se agudizam para prejuízo dos mais desfavorecidos, desempregados e, até mesmo daqueles que seriamente seguem o seu caminho, mas tantas vezes precisa de recorrer à “justiça”, perante os "injustos".

O mundo nunca será perfeito, mas sem “justiça” ele nem sequer terá futuro…

João Caldeira Heitor

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Quem avalia, sob a tutela de quem é avaliado?


A qualidade do ensino público depende de vários fatores que são garantidos pelos professores, em cada agrupamento de escolas, com o apoio da respetiva comunidade escolar e sob a orientação do ministério, de forma a concretizar o fim inerente ao conceito de educação, onde o aluno é o objetivo primeiro, e último, em toda a estrutura.

A par deste sistema, que só funciona de forma articulada, objetiva e séria, a Inspeção Geral de Educação assume funções de avaliação, de aconselhamento, de prevenção e de análise de procedimentos, aferindo, assim, o cumprimento do dossier legislativo e regulamentar que suporta o setor educativo e todos os seus protagonistas.

Na lógica dialética do dia-a-dia, vários profissionais da Inspeção Geral de Educação têm-se aposentado, sem a devida substituição, verificando-se desde 2010 um decréscimo do número de inspetores em todo o território nacional.

Paralelamente, e nos últimos 3 anos, temos assistido à degradação dos recursos técnicos, à retirada de competências e à redução do orçamento deste organismo, com um real decréscimo da qualidade do serviço prestado.

O atual governo conhece este cenário, que em nada abona o processo de avaliação da qualidade do ensino público, mas nada faz…

A Inspeção Geral de Educação, ainda que necessitada, conta com profissionais e dirigentes que diariamente se empenham para colmatar as irresponsabilidades do Estado.

Ainda que a Inspeção Geral de Educação tenha como missão avaliar o funcionamento do Ministério da Educação, não se entende como é que esta organização se encontra sob a alçada da Secretaria de Estado da Administração Escolar.

Questiona-se, desta forma, ao ano de 2015, e pertencendo Portugal a uma construção denominada: União Europeia, a regularidade deste organograma, condicionada nas correlações entre o poder político e o cumprimento administrativo-legal.


João Caldeira Heitor

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Nesse tempo que decorre, agora, e sempre...


A volatilidade da vida tem-se apresentado cada vez mais como a constante, onde os minutos abafam as riquezas de cada oportunidade de sermos, quem somos...

O arrependimento, de nada e de tudo, só encontra oposição nos segundos que multiplicam a respiração, sobre os minutos sugadores da luz…

João Caldeira Heitor

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Desvario...


Hoje ficamos a saber que após a conclusão da segunda fase das candidaturas ao Ensino Superior ficaram ainda nove mil vagas por preencher.

Há 67 cursos com vagas disponíveis que não colocaram nenhum aluno, sendo que 42 deles se referem às engenharias (?), com medicina a preencher todos os lugares.

Isto acontece numa altura em que empresas portuguesas de recrutamento apresentam boas ofertas e procura de recém-licenciados em engenharias para trabalhar na Alemanha e nos Emirados Árabes Unidos.

Isto acontece numa altura em que empresas portuguesas de recrutamento apresentam boas ofertas e procura de recém-licenciados em medicina e enfermagem para Inglaterra.

Isto representa o esvaziamento da maior riqueza de um país – o potencial humano com formação de excelência – que tem sido obrigado a emigrar e a contribuir para o desenvolvimento social e económico destes e de outros países.

Portugal tem excelentes universidades e institutos politécnicos (recursos humanos e materiais) que consolidam 12 anos de ensino obrigatório, após a frequência numa uma boa rede nacional de ensino pré-escolar, ao contrário de outros países da (nossa cada vez mais longínqua) União Europeia.

Urge relançar a economia portuguesa, alavancar as empresas nacionais para que estas resgatem os nossos concidadãos que se encontram espalhados pelo mundo, e obter essa mais-valia de conhecimento e capacidade.

Urge reforçar o Sistema Nacional de Saúde e concretizá-lo em todo o território nacional, com médicos e enfermeiros que pratiquem cuidados primários e um acompanhamento de proximidade com todos os cidadãos. Para tal, os nossos enfermeiros e médicos recém-formados são precisos de norte a sul do nosso país, e não em Inglaterra ou no Canadá.


Não é possível, aceitável e até mesmo economicamente sustentável que o nosso país, o nosso sistema de ensino continue a gastar milhões de euros na formação de pessoas que, posteriormente são obrigadas a emigrar, e desta forma contribuindo “a custo 0” para a obtenção de quadros superiores.

João Heitor

segunda-feira, 3 de março de 2014

Eles e eu...


Há quem tudo queira e só por isso oriente a vida.
Mas, pessoas há a desejar, somente, viver.
E aí, conquistar especiais sentires.
No suor do pensar, em vitórias reais e morais.
Fervilham pensamentos para decisões a cada minuto. 
Sem bússolas, só com a riqueza do valor interior.
E, um chá que acompanhe a alma, em suplemento e pureza.

João Heitor

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Fugaz glória...


Não podemos parar depois dos longos caminhos percorridos, ou, inverte-los, com a imprevisível doutrina do sentir. 

Não há gota de chuva que pare o olhar racional ou que impeça a real fotografia que aguarda ser capturada pela máquina do registo. 

Sou película por gravar, um novo horizonte, que a noite impõe, por cada amanhecer que se segue. 

Ter a palavra sobre a razão é tinta de livros que só confirmam o que a alma sente.

Sonhador? Sim. 

Utópico? Também. 

Mas em cada noite, fria, sem medo dessa gota de chuva, dessa fotografia conhecida, dessa fugaz glória que alguns acreditam ser o esplendor máximo, eu, despido de preconceitos ou de manias, vivo com a consciência tranquila. 

Moral? 
Podem comer todos, mas só alguns a saboreiam. 

Evasivo? 
Não. 

Está tudo aqui...e aí...em cada um de nós...

João Caldeira Heitor


Sobre cada Natal...


Nesta época, há quem espere embrulhos.
Eu não quero nenhum Presente.
Quero que neste Renascimento, diário, Todos tenham um Futuro, e que simplesmente sejam Pessoas...

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Redesenhar o Mundo (?)


Frenéticas alegrias envoltas no papel dos embrulhos deram felicidade material às almas mais características dessas tipologias ou maneiras de ser.

Não são piores ou melhores que outras, vazias, de papeis e de surpresas onde até a refeição da noite de Natal precisou de ser economizada com um mês de antecedência.

São as almas de um tempo que já não atinge a maioria dos habitantes deste país, mesmo até a maioria dos eleitores que, pelo Instituto Nacional de Estatística, pertencem ao escalão 1, 2 e 3 dos endividados e distinguidos pela banca. 

Milhões brindam com a magia do Natal que recorda os valores, por uns dias dos muitos que, num ano, servem de entulho para o enchimento dos pilares da produção económica, em altos andares de lojas, escritórios e apartamentos.

A balança, ao longo da história, sempre propendeu na medida certa, de um lado e do outro, para estabelecer o equilíbrio natural. 

Não há pesos e vontades que se juntem do mesmo lado e que possam contrabalançar a hipnótica forma de ser e de estar da maioria.

Falsos moralismos e sermões, entre um copo de sumo de laranja, só sobrecarregam o fígado atolado em ovos, álcool e outras iguarias da fartura alimentar.

O medo pode ser um excelente incentivador para a confirmação do sucesso, ainda que a queda para os acidentes de expressão sejam a constante no precipício do comportamento de certas personagens da praça. 

Em todas as terras e lugares há uma praça. 

De pedra ou de compras.

Lá voltamos aos materiais...

Prefiram-se as praças de pedra onde se encontram, tocam e ouvem as pessoas normais, e se acenam às outras.

Queixam-se os armários, as garagens, as gavetas e os espaços caseiros onde novas contas se contam.

Louvam-se os que alimentam os sonhos daqueles que não querem presentes, mas, somente, um futuro.

E aí, nesse Renascimento diário dos Valores Humanos, nesse desígnio humano, que se veste de branco (pela pureza), de verde (pela esperança), de azul (pela imensidão do céu que se torna o horizonte mais próximo), e mais companheiro de um sol de esperança que se pinta em cada gesto partilhado...


Aqui estão os lápis com que podemos redesenhar o mundo...

João Heitor

Amaciador de Gente


Colocam-se nos cabelos longos, de quem os usa, assim sendo seus ou daqueles a quem a pobreza os esticou pela ausência de dinheiro.

Esses de outros tempos dirão. Ou não...

Esses outros (os de outros tempos) vividos e que agora regressam para uma nova temporada que não corre na FOX ou no AXN. 

Um novo cenário que se encontra nas descoloradas fitas dos rolos dos cinemas e na intercalada casa ou letra dos apartamentos das novas cidades pintadas com grandes superfícies comerciais.

Colocam-se nos cabelos encaracolados que em voltas incertas aguardam pelo vento dessa tempestade a que chamam de Natal.

Esse de outros tempos dirão. Ou não...

Esse outro (Natal) que em acordo ortográfico já se escreve pequeno pelo início, e no fim se assume como rijo, de pontas espigadas, revoltado como os que a ele não acedem na mesma medida - desvirtuados da medida certa dos componentes do Amaciador que actuam no fino couro da ossada de cada um de nós. 

Voltemos ao supermercado. 

Mas, já passam das sete. 

Vamos ao hiper. 

Espera. 

Já passam das dez, das onze, da meia noite.

Vamos à loja de conveniência que os tempos modernos dão resposta para todas as necessidades, menos para a morte, incerta, que dizem nos estar marcada, mas sobre a qual a economia também gera receitas e burocracias dignas da real importância das instituições, dos países avançados em tempos de bonança. 

Sim, porque quando as catástrofes ocorrem, o tamanho do Homem é vergado pela incompreendida forca da natureza, para que as valas, que dizem comuns, preservem a saúde publica, na diminuta valorização da nobreza humana que por ali deixa a sua matéria. 

Que se lixe o Amaciador. 

A Troika é que empresta o dinheiro que todos pagamos vezes sem conta.

Mas, e na amizade? 

Aí os pagamentos não deviam estar escondidos entre sinónimos mais leves tais como: retorno, compensação, segundos-interesses, absorção (porra que palavras tão certas quando nos acedem à alembradura certas personagens...).

Absorção?  

Quando somos absorvidos por outros não deixamos de ser donos de nós próprios?

Ou será que a liberdade é uma mera ilusão de qualquer ser humano que vive segundo as regras da sociedade? 

Voltemos à amizade senão o Kant e o Decartes ainda me vêem puxar as orelhas...

Esse punhado de bons amigos, salpicado por umas dezenas de pessoas mais próximas, e polvilhado por umas centenas de outras tantas conhecidas, é o nobre valor a quem se recorre quando a carteira está vazia, e no número de amigos se conta a riqueza individual que, por inerência, se acrescenta em valor (será?).

Dissertações sem sustentação académica, religiosa, ou filosófica podem ser sempre dirimidas entre um abraço de circunstância, meia dúzia de promessas de união eterna, e duas garrafas de vinho tinto (antigamente era só uma, mas agora na vertente comercial duas representa um poderio económico, aliado à metáfora sobre os benefícios do vinho, moderado, às refeições).

Voltemos aos amigos, que por vezes existem mais no mundo virtual, escapando-se em modo: relâmpago! no mundo real (atenção que eu conheço os meus e desta Tese de Mestrado, da uma para as duas, não estou a esboçar um auto-retrato).

Ora não cuides tu de te embalar no sono, no trabalho e na arte ou engenho de dar duas seguidas (marteladas) no prego a espetar, que não encontrarás o teu nome nesse quadro a pendurar, com ou sem excelência, mérito ou assinatura de pessoa importante.

Por falar em gente importante: eles falam, falam, mas nem pintam as estradas, não fazem milagres, nem dão notícias quando deviam...

Acho que o Amaciador de Gente será sempre a poção magica que não se venderá no mercado ou na feira anual pelo homem da mala preta, onde as mezinhas e as soluções miraculosas podem, por vezes, ser a solução para as dores de alma.

Na farmácia também não. 

Até porque onde se vende o que (eventualmente) cura a matéria (carne, ossos e órgãos) jamais conseguiremos encontrar algo que trate a alma, amacie o trato, separe o essencial do acessório, mostre que cada dia foi o último que vivemos e onde podíamos ter feito a diferença...


Para a próxima vez tenho de analisar a vertente: Champoo + Amaciador porque talvez seja preciso usar um pouco de limpeza no pensamento...

João Heitor